domingo, 24 de maio de 2009

1. As revoltas Regenciais




• Trabalho de pesquisas em grupo realizado pelos alunos e alunas em sala de aula com orientação da professora; • Confecção de Cartazes; • Apresentação dos gupos


Revoltas Regenciais

Cabanagem - Pará (1835 - 1840)



A população do Pará vivia isolada do restante do país até pela geografia da região. As condições miseráveis em que vivia a população ribeirinha (cabanos) já havia provocado vários protestos e manifestações, como a que fora reprimida por Grenfell em 1823, quando da luta pelo reconhecimento da independência.
Em 1834 iniciou-se em Belém uma grande revolta popular, sob a liderança dos irmãos Vinagre (Francisco Pedro, Antonio Raimundo e José). Cercando o palácio do governo os revoltosos mataram o presidente de província, Bernardo de Souza Lobo e, instituem Clemente Malcher como o novo governador.
Declarando-se fiel ao imperador e prometendo governar até a maioridade de D.Pedro, Malcher passou a reprimir os elementos mais radicais dos cabanos. Novamente a revolta tomou conta de Belém, Malcher foi deposto e morto. O poder foi entregue a Francisco Pedro Vinagre.
Francisco Pedro não conseguiu pacificar a região e o governo regencial enviou tropas para pôr fim ao conflito. A aproximação de tropas determinou uma onda de saques e depredações, principalmente contra estabelecimentos pertencentes a portugueses.
Chegou então a Belém um forte contingente militar comandado por Francisco José Soares de Andréia, que conseguiu tomar a cidade. Os cabanos ainda resistiram no interior, porém aos poucos vão sendo derrotados e dizimados. Cerca de trinta mil pessoas morreram e, apesar da falta de orientação que caracterizou o movimento, os cabanos conseguiram exercer o controle provincial por algum tempo.


Balaiada - Maranhão (1838 - 1840)




Também no Maranhão a população havia participado ativamente do processo de expulsão das autoridades portuguesas durante as lutas pela independência em 1823.
Porém, como em outras regiões, reinava um clima de decepção, pois a independência não conseguira melhorar as condições de vida da população nem a economia da região.
A luta política no Maranhão era travada entre dois grupos políticos: os bem-te-vis - liberais exaltados- e os cabanos - conservadores. Em muitas ocasiões a luta deixava de ser política e passava a ser armada. Após cada eleição sucediam-se os crimes políticos.
A maior parte da população do Maranhão era composta de negros e pequenos agricultores. Muitos negros aproveitavam-se da instabilidade reinante na região para fugir e formar quilombos. Os pequenos agricultores “sertanejos”, em geral, mulatos, eram a base das tropas que lutavam em defesa das facções políticas da região. Muitos grupos de sertanejos agiam de forma autônoma, invadindo fazendas e roubando gado. Em dezembro de 1838, o líder de um desses grupos, Raimundo Gomes, atacou uma cadeia no interior do Maranhão para libertar seu irmão. Receberam a adesão do grupo de Manoel Francisco dos Anjos Ferreira, o Balaio, e do negro Cosme Bento, que liderava 3 mil negros. Em 1839 o grupo conseguiu tomar a cidade de Caxias, então capital do Maranhão, invadindo posteriormente outras localidades.
Em 1840 foi nomeado o então coronel Luís Alves de Lima e Silva como presidente do Maranhão com o objetivo de reprimir a revolta. Apoiado nos fazendeiros da região e aproveitando-se das rivalidades existentes entre os grupos de rebeldes, iniciou uma violenta repressão. Com a morte de Balaio, a rendição de Raimundo Gomes e a prisão de Cosme Bento, Luís Alves de Lima e Silva foi condecorado com o título de “Barão de Caxias” pelo imperador.



Sabinada - Bahia (1837 - 1840)



A Bahia foi uma região brasileira onde a luta pela independência travou-se de forma mais intensa. Com forte participação popular, as tropas portuguesas foram expulsas. Porém, com o passar do tempo a população percebeu que pouca coisa havia mudado com a independência. Assim, várias manifestações de descontentamento ocorreram durante o 1º Reinado e mesmo no início do período regencial.
Em 1835, ocorreu a revolta dos malês, escravos de origem sudanesa que professavam a fé islâmica. Milhares de negros e mestiços espalharam o pânico entre os proprietários de terras. A revolta foi duramente reprimida.
Em 1837, em Salvador, ocorreu um levante popular e de profissionais liberais liderados pelo médico Francisco Sabino da Rocha Vieira. Os revoltosos defendiam a separação temporária da Bahia até que D.Pedro assumisse o trono. O movimento, porém, restringia-se a Salvador.
Preocupado com a possibilidade de expansão do movimento, o regente Araújo Lima determinou uma violenta repressão apoiada pelos senhores de terra e de engenhos da Bahia. Os principais líderes do movimento foram mortos.



Revolta dos Malês – Salvador (1835)
‘‘Sou filho natural de uma negra africana, livre, da nação nagô, de nome Luiza Mahin, pagã, que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã’’.
Luis Gama, poeta e abolicionista escrevendo sobre sua mãe.



Durante as primeiras décadas do século XIX várias rebeliões de escravos explodiram na província da Bahia. A mais importante delas foi a dos Malês, uma rebelião de caráter racial, contra a escravidão e a imposição da religião católica, que ocorreu em Salvador, em janeiro de 1835. Nessa época, a cidade de Salvador tinha cerca de metade de sua população composta por negros escravos ou libertos, das mais variadas culturas e procedências africanas. Sendo a maioria deles composta por "negros ou negras de ganho" ou "ganhadores ou ganhadeiras", tinham mais liberdade que os negros das fazendas, podendo circular por toda a cidade com certa facilidade, embora tratados com desprezo e violência. Alguns, economizando a pequena parte dos ganhos que seus donos lhes deixavam, conseguiam comprar a alforria.
O movimento de 1835 é conhecido como Revolta dos Malês, por serem assim chamados os negros muçulmanos que o organizaram. A expressão malê vem de imalê, que na lingua iorubá significa muçulmano. Portanto os malês eram especificamente os muçumanos de lingua iorubá, conhecidos como nagôs na Bahia. Outros grupos, até mais islamizados como os haussás, também participaram, porém contribuindo com muito menor número de rebeldes.
Suas condenações variaram entre a pena de morte, os trabalhos forçados, o degredo e os açoites, mas todos foram barbaramente torturados, alguns até a morte. Mais de quinhentos africanos foram expulsos do Brasil e levados de volta à África. Apesar de massacrada, a Revolta dos Malês serviu para demonstrar às autoridades e às elites o potencial de contestação e rebelião que envolvia a manutenção do regime escravocrata, ameaça que esteve sempre presente durante todo o Período Regencial e se estendeu pelo Governo pessoal de D. Pedro II.
O medo de que um novo levante pudesse acontecer se instalou nos abitantes da Bahia e se difundiu pelas demais províncias do Império do Brasil. Em quase todas elas, principalmente na capital do país, o Rio de Janeiro, os jornais publicaram notícias sobre o acontecimento na Bahia e as autoridades submeteram a população africana a uma vigilãncia cuidadosa e muitas vezes a uma repressão abusiva.
No confronto morreram sete integrantes das tropas oficiais e setenta do lado dos negros**. Duzentos escravos foram levados aos tribunais.
Acima de tudo, apesar de derrotada, a Revolta serviu como inspiração fundamental para as lutas contra a escravidão, não só pelo exemplo que forneceu, mas também pelo envolvimento de muitos de seus líderes e participantes, como Luiza Mahin em outros processos. Uma lição que continua viva na necessidade de travar uma luta sem tréguas contra o racismo, toda forma de intolerância e, particularmente, contra o sistema que alimenta estas práticas. O colonial, no passado; o capitalista, na atualidade.
SAIBA MAIS...
Sobre a Revolta dos Malês especificamente, ler João José Reis, Rebelião escrava no Brasil: a história do levante dos malês em 1835, São Paulo, Companhia da Letras, 2003;
Décio Freitas, Insurreições escravas, Porto Alegre, Movimento, 1976;
e o livro de Pierre Verger, Fluxo e refluxo, capítulo IX.


Farroupilha - Rio Grande do Sul (1835 - 1845)


O Rio Grande do Sul teve sua formação econômica voltada para o atendimento das necessidades do mercado interno. Sua produção de charque e couro abastecia as regiões agro-exportadoras do país.
Desde a independência, porém, a economia rio-grandense enfrentava sérios problemas. Havia uma pesada tributação sobre os produtos da região ao mesmo tempo em que as taxas de importação baixavam. Assim, os grandes proprietários rurais preferiam adquirir produtos importados do mercado platino, especialmente a Argentina, do que os produtos do Rio Grande do Sul. Por outro lado, a produção gaúcha baseava-se no trabalho livre e progredia sempre.
Desenvolveu-se, assim, entre os pecuaristas gaúchos, um forte sentimento em defesa de seus interesses que se confundia com uma formação histórica diferenciada e com o republicanismo próprio da área platina. Organizados em sua Assembléia Legislativa, os políticos rio-grandenses passaram a opor-se aos presidentes provinciais nomeados pelo governo regencial. Liderados por Bento Gonçalves, os farrapos ou farroupilhas, como eram chamados os revoltosos, invadiram Porto Alegre e destituíram o presidente da província. Tinha início a mais duradoura revolta histórica do país.
Em 1836 proclamou-se a República do Piratini, no Rio Grande do Sul. Os combates com as forças legalistas se acirraram. Bento Gonçalves foi preso e enviado para a Bahia de onde fugiu ajudado pelos baianos radicais da Sabinada.
Em 1837 os revoltosos passaram a contar com a ajuda do revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi que, juntamente com Davi Canabarro, invadiram Santa Catarina, dominando Laguna, onde proclamaram a República Juliana. O movimento atingia seu ponto máximo.
Entretanto, isolados do país passaram a enfrentar sérias dificuldades econômicas com a queda de venda de charque e couro. Com a ascensão e coroação de D.Pedro II, tentou-se pacificar a região, sem sucesso, porém.
Em 1842 foi nomeado presidente da província Luís Alves de Lima e Silva, o Barão de Caxias, que já havia sufocado a Balaiada no Maranhão e a Revolução Liberal em São Paulo e Minas Gerais. Caxias conseguiu o fim da revolta negociando com os revoltosos. O governo central fez inúmeras concessões aos farrapos: anistia geral, incorporação dos soldados e oficiais ao exército imperial, devolução de terras confiscadas e libertação dos escravos que lutaram ao lado dos revoltosos.

Aproveite a empolgação da leitura e veja os vídeos

http://www.youtube.com/watch?v=iYmENmOTQgc

http://www.youtube.com/watch?v=yCKPKsbBHHk

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